Como abrir uma empresa de BPO Financeiro

Saber como abrir empresa de BPO Financeiro é uma dúvida comum tanto para quem já presta esse serviço de forma autônoma quanto para donos de escritório contábil que querem estruturar uma operação separada.

De um lado, tem o profissional que cuida do financeiro de algumas empresas, mas ainda faz tudo no CPF. 

De outro, o contador que já tem carteira ativa de clientes e enxerga no BPO Financeiro uma oportunidade de ampliar a atuação sem misturar com a contabilidade tradicional.

Nos dois casos, chega um ponto em que não dá mais para seguir na base do improviso.

É nesse momento que surgem as dúvidas práticas: qual o tipo de empresa ideal, que CNAE usar, como escolher o regime tributário e o que realmente precisa para começar o BPO Financeiro da forma correta.

E é isso o que vamos ver a seguir, com base na minha experiência na Tactus e do que compartilhamos com os empresários contábeis da AH Mentoria.

Quem pode abrir uma empresa de BPO Financeiro?

Qualquer profissional que atue com gestão financeira terceirizada pode abrir uma empresa de BPO Financeiro. 

Não é uma atividade exclusiva para contadores, tampouco exige registro no CRC.

Você pode ser analista financeiro, administrador, consultor ou até mesmo um empresário da área contábil querendo estruturar uma operação à parte da contabilidade.

O importante é que a atividade seja legalmente exercida com um CNPJ formalizado e que a entrega seja feita com critério, segurança e consistência. 

Qual o tipo de empresa mais recomendado para atuar com BPO Financeiro?

O formato mais comum para quem vai abrir empresa de BPO Financeiro é a Sociedade Limitada Unipessoal (SLU). 

Essa natureza jurídica permite a você atuar sozinho, com CNPJ próprio, proteção do patrimônio pessoal e liberdade para emitir nota, contratar e assinar contrato com cliente.

Se você pretende abrir com sócio, seja um parceiro operacional ou até um investidor, a estrutura ideal passa a ser a Sociedade Empresária Limitada (LTDA).

Leia mais: Quanto cobrar pelo BPO Financeiro?

Qual o CNAE ideal para empresa de BPO Financeiro?

A escolha do CNAE (Código Nacional de Atividade Econômica) é um ponto sensível.

Afinal, ele define como sua empresa será tributada e até que atividades ela poderá formalmente exercer. 

Quem trabalha com BPO Financeiro normalmente assume atividades como:

• Controle de contas a pagar e receber;
• Emissão de boletos e conciliação bancária;
• Fluxo de caixa e organização de centro de custos;
• Apoio na emissão de relatórios e indicadores gerenciais;
• Interação com a contabilidade do cliente;
• Gestão financeira de pequenas e médias empresas de forma recorrente;
• Dentre outras.
  

Para esse perfil de serviço, os CNAEs mais utilizados e mais alinhados com a realidade da operação são:

• 70.20-4/00 – Atividades de consultoria em gestão empresarial, exceto consultoria técnica específica: Indicado quando o serviço inclui interpretação de dados, apoio à tomada de decisão e orientação estratégica com base nos números financeiros.
• 82.19-9/99 – Preparação de documentos e serviços especializados de apoio administrativo não especificados anteriormente: Ideal para quem atua com foco nas rotinas operacionais do dia a dia, como cobranças, controle de pagamentos e conciliações.
• 82.11-3/00 – Serviços combinados de escritório e apoio administrativo: Usado por empresas que oferecem um mix de tarefas administrativas e financeiras.
  

E o impacto da escolha do CNAE para BPO Financiero no regime tributário?

Se a sua empresa vai optar pelo Simples Nacional, o CNAE escolhido também interfere no anexo em que você será tributado.

Os códigos 70.20-4/00 e 82.19-9/99 já pertencem ao Anexo III, que tem alíquotas mais baixas, a partir de 6%, independente do tamanho da folha de pagamento.

Já o código 82.11-3/00 cai no Anexo V, com tributação a partir de 15,5%, e só migra para o Anexo III se sua folha representar 28% ou mais do faturamento bruto (é o chamado Fator R).

Por isso, mesmo que todos os três CNAEs possam ser usados, a escolha deve considerar tanto o tipo de entrega que você realiza quanto o seu plano de estrutura: vai operar sozinho ou com equipe? Vai focar em análise ou execução?

Essa decisão precisa ser feita com critério técnico, e de preferência com o apoio de uma contabilidade que compreenda a lógica do BPO Financeiro.

Leia mais: Quanto dá para ganhar com BPO Financeiro?

Qual a documentação necessária para abrir uma empresa de BPO Financeiro?

Na hora de formalizar a empresa, o contador vai cuidar do processo técnico, mas é você quem precisa providenciar os documentos. 

Veja o que precisa ser entregue:

Para cada sócio:

• Documento oficial com foto (RG ou CNH);
• CPF;
• Certidão de casamento (se casado);
• Comprovante de endereço residencial (emitido nos últimos 90 dias);
• E-mail e telefone de contato;
• Dentre outros dados.

Se houver regime de bens, a certidão de casamento precisa estar atualizada com essa informação, pois isso impacta na cláusula patrimonial do contrato social.

Para a empresa:

• Definição do nome empresarial e nome fantasia: Antes de registrar, é recomendável fazer uma busca de viabilidade para checar se o nome está disponível na Junta Comercial e se o domínio está livre.
• Endereço fiscal: Pode ser comercial ou sede virtual. Em ambos os casos, será exigido um comprovante recente do local, geralmente a capa do IPTU. Se o endereço for alugado, pode ser necessário o contrato de locação.
• Atividades exercidas: A contabilidade vai converter isso para a linguagem jurídica do contrato social, mas é essencial que você informe com precisão o que vai prestar: rotinas financeiras operacionais, relatórios, apoio à gestão etc.
• Capital social: Defina o valor que será integralizado na empresa. Para quem começa pequeno, o capital simbólico é permitido, mas convém alinhar isso com a estratégia da empresa.
• Repartição de cotas (se houver sócios): Precisa estar claro quem fica com quantos por cento da empresa e quem será o administrador.
• Certificado digital do(s) sócio(s) (e-CPF): É com ele que será feita a assinatura eletrônica dos documentos na Junta Comercial e na Receita Federal.

Leia mais: Como vender BPO Financeiro

Como abrir o CNPJ de uma empresa de BPO Financeiro passo a passo

Depois de definir o tipo jurídico, escolher os CNAEs corretos e organizar a documentação, vem a parte operacional da abertura.

Veja o que acontece na prática:

1) Consulta de viabilidade

Tudo começa com a verificação de nome empresarial e endereço. 

O contador faz a consulta na Junta Comercial e verifica se o local informado pode ser usado como sede da empresa, mesmo que seja um endereço virtual ou coworking. 

2) Elaboração do contrato social

Com base nas atividades que você vai exercer, o contador elabora o contrato social, com informações como os dados dos sócios, a participação de cada um, o capital social, os CNAEs selecionados e a forma de administração da empresa. 

3) Registro na Junta Comercial e na Receita Federal e escolha do regime tributário

Com o contrato social assinado digitalmente, o próximo passo é protocolar o pedido de abertura na Junta Comercial do estado. Na maioria dos estados, esse processo é 100% digital.

Depois que a Junta aprova o registro, o contador faz a solicitação do CNPJ junto à Receita Federal, geralmente no mesmo sistema integrado (como o Via Rápida Empresa em SP, por exemplo). 

Só após a emissão do CNPJ é que a empresa passa a existir formalmente.

Nesse momento, também é feita a escolha do regime tributário, que precisa estar alinhada com a estrutura da empresa.

Nos estados com processos mais ágeis, essa etapa pode ser concluída em poucos dias, desde que a documentação esteja correta e a atividade não exija licenciamento adicional.

4) Inscrição municipal

Com o CNPJ registrado, o contador solicita a inscrição municipal, que libera a emissão de nota fiscal de serviço.

É essencial que o endereço esteja regularizado, com a capa do IPTU ou contrato de locação disponível no momento da abertura. 

5) Emissão do certificado digital

Para operar, assinar documentos e emitir nota, você vai precisar de um e-CPF ou e-CNPJ. 

O certificado digital também será usado para acessar o sistema da prefeitura e os sistemas contábeis e financeiros que a empresa utilizar.

Leia mais: Passo a passo para implantar o serviço de BPO Financeiro

Qual o regime tributário mais vantajoso para o BPO Financeiro?

Sem dúvidas, o Simples Nacional é a melhor opção para a grande maioria dos casos de abertura de empresa de BPO Financeiro.

Isso porque, com a combinação de CNAEs correta, é possível se enquadrar no Anexo III do Simples Nacional, com alíquotas a partir de 6%.

Somente em casos que sua operação comece escalar próximo de 6 dígitos por mês é que pode fazer sentido migrar para o Lucro Presumido.

Sou dono de um escritório contábil: Preciso abrir uma empresa separada de BPO Financeiro?

Se o objetivo é estruturar o BPO Financeiro na sua Contabilidade como um serviço escalável, com margem própria e modelo comercial independente, abrir uma empresa separada é a melhor opção.

Afinal, como sabemos, quando você mantém tudo no mesmo CNPJ, o faturamento do BPO entra junto com o da contabilidade. 

E isso pode te empurrar para faixas mais altas do Simples Nacional, aumentar a carga de imposto ou até forçar o desenquadramento.

Com um CNPJ exclusivo, o BPO Financeiro deixa de ser só um “serviço adicional” dentro do escritório e passa a ter vida própria. 

Você pode estruturar o comercial do jeito que quiser, definir metas específicas, separar a operação do time da contabilidade e até atrair um sócio focado só nesse projeto.

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O BPO Financeiro é, hoje, uma das maiores oportunidades para aumentar a margem do seu negócio contábil e fidelizar seus clientes.

Mas não adianta oferecer um bom serviço se sua empresa continua travada nos mesmos gargalos de sempre.

Equipe mal treinada.

Processos que mudam a cada novo cliente.

Falta de clareza no comercial.

E você, no meio disso tudo, apagando incêndio o dia inteiro.

Escalar um negócio contábil exige método, decisões estratégicas e um modelo que funcione fora da sua cabeça.

Na AH Mentoria, eu mostro, com base no que aplicamos na Tactus, como estruturar uma empresa contábil com processos definidos, metas claras e uma entrega que não depende da sua supervisão o tempo todo.

Você vai entender como montar uma estrutura que aguenta crescer, sem quebrar no meio do caminho.

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