Vende-se escritório de Contabilidade
Vende-se escritório de contabilidade em São Paulo com faturamento mensal de 150 mil, 40 funcionários, carteira de clientes diversificada com lucro real, presumido e simples nacional. Valor R$ 1,1 milhão.
Achou alto o valor desse escritório de contabilidade? Pois bem, eu também achei.
Na verdade esse não é um anúncio real, mas um anúncio modelo que mostra quanto pode custar um escritório de contabilidade.
Mas, como em tudo que envolve negócios estratégicos, o preço é só a ponta do iceberg.
Se você está pensando em comprar ou vender um escritório contábil, é preciso analisar uma série de fatores para que o negócio seja bom para ambas as partes, como vamos ver a seguir.
Como calcular quanto vale um escritório contábil?
Precificar um escritório de contabilidade exige mais do que olhar para o faturamento. É uma combinação de números, análise de mercado e expectativas. E, claro, experiência prática.
O cálculo mais comum, quando falamos na venda de carteiras de clientes, parte de um múltiplo da receita mensal recorrente.
Com base na minha experiência de mercado contábil, de um modo geral, posso dizer que varia entre 7 a 10 vezes o valor do faturamento mensal.
Ou seja, se a carteira rende R$ 10 mil por mês, pode ser avaliada entre R$ 70 mil e R$ 100 mil. Mas esse é só o ponto de partida.
Você precisa considerar a perda natural de clientes durante a transição. E isso é inevitável. Mesmo com uma boa negociação, uma parte da carteira vai sair.
Agora, se a ideia é comprar o escritório como um todo, o processo é outro. Nesse caso, além dos clientes, você está levando:
- Ativos intangíveis, (como a marca, por exemplo);
- A equipe (ou parte dela);
- Os ativos (equipamentos, estrutura, software, ponto comercial).
- Modelo de negócio contábil (digital, segmentado etc.)
- Dentre outros aspectos que devem ser analisados.
E, claro, leva também os passivos, mesmo que eles não estejam visíveis à primeira vista.
Por isso, o valuation exige uma análise muito mais profunda, com diligências bem definidas para entender o que está sendo adquirido.
Leia mais: Quanto cobrar pelos serviços contábeis?
E em caso de fusão, como avaliar?
Em uma fusão, o modelo de negócio é diferente.
Geralmente, você não está comprando a outra empresa — está integrando. E, nesse caso, o valor das duas partes precisa estar muito claro.
Fusões costumam ocorrer via troca de participações. E para isso acontecer de forma justa, o valuation individual de cada empresa é indispensável.
Se você não sabe quanto vale a sua empresa, não tem como negociar de forma inteligente.
O que avaliar num escritório de contabilidade à venda?
Toda negociação precisa começar com uma pergunta: essa compra faz sentido para o meu negócio?
Essa é a primeira pergunta que oriento meus mentorados da AH Mentoria a se fazerem antes de tomar qualquer decisão.
Se você está de olho em comprar uma carteira de clientes contábeis, precisa avaliar três pontos essenciais:
- Perfil dos clientes: Eles combinam com sua estrutura atual? Atenderão aos mesmos regimes tributários que você domina? Ou exigirão uma curva de aprendizado e esforço adicional da equipe?
- Preço praticado: Os valores estão alinhados com a sua tabela? Ou você vai precisar renegociar logo de cara, correndo o risco de perder boa parte da carteira?
- Situação contábil atual: Clientes com processos atrasados geram retrabalho e podem sobrecarregar sua equipe. Isso impacta diretamente sua produtividade.
Sem uma estratégia bem definida, essa carteira pode custar mais caro do que você imagina.
Se a compra for da empresa inteira, a análise precisa ir além:
- Marca: Você vai manter a marca atual ou integrá-la à sua? Há riscos reputacionais envolvidos?
- Equipe: Haverá retenção dos colaboradores? Como isso será tratado juridicamente?
- Ativos tangíveis e intangíveis: Tudo precisa estar discriminado em contrato — equipamentos, sistemas, bases de dados, etc.
- CNPJ: Vai adquirir ou não? Dependendo do modelo de aquisição, há alternativas jurídicas para evitar a transferência do CNPJ, mantendo os funcionários e estrutura.
- Due Diligence: Essa etapa é obrigatória. Você precisa entrar a fundo nos dados da empresa. Sem isso, qualquer surpresa futura será sua responsabilidade.
Leia mais: Como atrair clientes contábeis
Quais os sinais de um bom negócio?
Nem sempre um preço baixo é sinônimo de boa compra. Existem sinais claros que indicam se o negócio vale a pena:
- Carteira com perfil compatível: Clientes com “fit” com a sua operação facilitam a transição e aumentam a retenção.
- Marca consolidada e sem passivos ocultos: Um nome respeitado no mercado é um ativo importante para seu marketing contábil.
- Processos organizados e equipe produtiva: Isso reduz o esforço de integração.
- Sinergia operacional: Principalmente em fusões, onde você pode unificar estruturas, ganhar escala e reduzir custos.
- Vendedor transparente: Se a outra parte está aberta a apresentar dados, explicar pontos sensíveis e colocar tudo no papel, o risco diminui.
- Alinhamento com o seu plano estratégico: Comprar por impulso ou apenas pela oportunidade é um erro comum. A aquisição precisa estar dentro da sua rota de crescimento.
- Contrato detalhado: A formalização do negócio deve prever todos os cenários possíveis, com cláusulas de segurança para ambos os lados.
- Cultura compatível: Em fusões, esse é um fator crítico. Empresas com culturas muito distintas enfrentam grandes desafios de integração.
O que evitar nesse tipo de operação?
Ao longo da minha trajetória, já vi negócios promissores se transformarem em prejuízo porque erros básicos foram cometidos. Aqui vão alguns que você precisa evitar:
- Ignorar a perda de clientes na transição;
- Comprar carteiras desalinhadas com seu modelo de atendimento;
- Assumir passivos escondidos, por falta de due diligence;
- Negociar sem contrato detalhado, confiando apenas em promessas;
- Subestimar o impacto na sua equipe atual com a chegada de novos clientes ou colaboradores;
- Não ter clareza estratégica do que fazer com a empresa adquirida.
Onde encontrar oportunidades de vendas de escritórios de contabilidade?
A venda de escritórios contábeis costuma acontecer de forma mais reservada, até porque envolve dados sensíveis, clientes e, muitas vezes, funcionários. O sigilo é parte do processo.
O primeiro caminho é o networking do próprio mercado contábil.
Muitas negociações começam ali, em conversas informais, eventos do setor, grupos de empresários contábeis.
Quem está por dentro das movimentações do mercado acaba descobrindo antes das oportunidades que estão por vir.
Outro ponto importante: empresas maiores e mais estruturadas tendem a buscar ativamente outras empresas para adquirir.
Essa movimentação é comum quando o objetivo é crescer via aquisição.
Se esse é o seu caso, pode fazer sentido montar uma estratégia estruturada de prospecção e contar com apoio jurídico e financeiro para avaliar e conduzir esse tipo de negócio.
Além disso, existem consultores especializados em M&A no mercado contábil, que fazem a ponte entre quem quer vender e quem quer comprar.
Esses profissionais já têm os contatos certos, sabem como conduzir a negociação e ajudam a proteger os dois lados do negócio.
Quais cláusulas incluir no contrato de venda de um escritório de contabilidade?
Entre as cláusulas essenciais, uma das mais importantes é a que trata da retenção da carteira de clientes.
Afinal, o comprador está pagando por uma receita recorrente — e se os clientes forem embora logo após a venda, o negócio pode se tornar inviável.
Por isso, é comum estabelecer uma cláusula de retenção, com critérios claros sobre o que acontece em caso de perda de clientes em determinado período.
Também é fundamental definir a responsabilidade sobre as obrigações fiscais, contábeis e trabalhistas até a data da venda.
Isso evita que o comprador herde problemas que são da gestão anterior.
O contrato deve deixar claro quem responde por cada obrigação.
E, claro, o escopo exato do que está sendo vendido: clientes, marca, ativos físicos, contratos em andamento, software, ponto comercial.
Tudo precisa estar bem descrito. Assim, evita-se qualquer mal-entendido no futuro.
Como negociar a forma de pagamento da venda do escritório contábil?
Nem sempre a venda acontece à vista. Na verdade, o mais comum é que o pagamento seja parcelado — e isso não é um problema, desde que bem estruturado.
O parcelamento costuma estar atrelado à retenção da carteira de clientes.
Funciona assim:
Uma parte do valor é paga no ato, e o restante é condicionado à permanência dos clientes por um determinado período.
Isso dá segurança para o comprador e compromete o vendedor com o sucesso da transição.
Outro modelo possível é o earn-out, em que o valor total da venda pode variar conforme o desempenho futuro da carteira.
Esse modelo é utilizado nos casos em que o empresário contábil que vendeu o escritório continuará atuando no negócio exercendo um cargo executivo por um período e tendo uma parte do valor atrelado ao resultado futuro
Se os clientes forem mantidos e a receita continuar estável, o valor acordado é pago integralmente.
Se houver perda significativa, o valor é reduzido. É uma forma inteligente de equilibrar risco e retorno.
Em qualquer cenário, o mais importante é deixar tudo amarrado em contrato, com prazos, condições e penalidades bem definidas. Isso protege os dois lados e evita surpresas.
Como combinar o período de transição entre sócios?
O ideal é que o sócio vendedor permaneça por um tempo na operação, mesmo que não seja em cargo executivo.
O objetivo é facilitar a transição dos clientes, dar respaldo para a equipe e garantir que o comprador absorva a cultura e os processos da empresa com mais segurança.
O tempo dessa transição pode variar. Em alguns casos, são 3 meses. Em outros, 6 ou até 12 meses.
Depende do tamanho da empresa, da complexidade dos serviços prestados e do grau de envolvimento do sócio que está saindo.
O importante é que esse período seja combinado previamente e descrito em contrato, inclusive com definição clara do papel do sócio durante a transição, remuneração (se houver), responsabilidades e limites de atuação.
Como estruturar e escalar seu escritório contábil
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