Muitos contadores têm se preocupado com a base de preço dos serviços de contabilidade.
Será que em algum momento a contabilidade vai sair “de graça”? Chegaremos ao ponto de não cobrar mais pelo serviço contábil?
Muita gente especula também a questão dos bancos, dizendo que os bancos podem assumir a função da contabilidade, ao ser correntista consequentemente não precisaria ter um contador para fazer o seu serviço contábil.
E o que dizer das automações, qual é o limite? Até onde as automações podem chegar para baratear os serviços contábeis?
Neste conteúdo você vai entender a minha visão de mercado, baseada na experiência que tenho sobre esses assuntos. Vamos nessa!
Contabilidade baixo preço
Vamos primeiro entender sobre a contabilidade de baixo preço.
Voltando um pouco ao tempo, nós tivemos há alguns anos a contabilidade de R$49,90 e a Contabilizei tinha essa pegada no mercado.
Isso trouxe muita preocupação na época, a classe se perguntava como alguém pode cobrar um preço de R$49,90 quando a maioria cobrava cerca de R$500,00 ou seja, 10x mais barato.
Mas, lá atrás, eu já alertava que não era factível ter rentabilidade na prestação de um serviço contábil por esse valor, independentemente da tecnologia envolvida.
Passado algum tempo, essa tabela subiu para R$89,00 e novamente só faria sentido cobrar esse valor para uma empresa do Simples Nacional, se essa empresa executasse todas as suas funções sozinha, se o fator humano não estivesse presente ou fosse pouco presente.
Realidade do empresariado brasileiro
A realidade é que o empresariado brasileiro, de modo geral, não sabe sequer emitir uma nota fiscal sozinho.
O processo de aprendizagem para emitir uma nota fiscal ou para que ele faça coisas simples através de uma plataforma é longo.
Grande parte das pessoas que estão abrindo hoje uma empresa – e o volume de novos empreendedores só cresceu – são pessoas que têm baixo entendimento de aspectos tributários básicos.
E quando essa pessoa se depara com uma plataforma onde tem que fazer a emissão da própria nota fiscal, categorização, tomar decisões relativas à retirada de pró-labore ou sobre o lucro, ele se sente completamente perdido e tem uma dificuldade muito grande.
Mesmo os pequenos negócios estão buscando ter alguém que faça esse processo para eles, porque eles têm dificuldade inclusive de fazer a própria gestão financeira mesmo tendo um sistema intuitivo que ajuda esse processo.
Serviço personalizado de contador
E nós nos deparamos com uma situação em que as próprias empresas que escalaram no R$89,00 sentiram que é preciso oferecer um serviço completamente personalizado, que vai para um patamar de preço muito diferente de R$289,00.
Ou seja, quando a gente coloca o fator humano na execução do serviço contábil, nós temos o grande aumento de custo na execução dos serviços, não há receita mágica.
Como as empresas notaram que os clientes buscavam um amparo maior estão oferecendo esse tipo de serviço personalizado, onde chamam até de “contador exclusivo”.
Logicamente não há um contador neste para cada empresa, apenas uma pessoa atende algumas centenas de empresas, mas o diferencial é o suporte necessário para execução do serviço.
Nesse ponto nós já temos o que se iguala as empresas de contabilidade digital como a Tactus Contabilidade, ao invés do “faça você mesmo”, nós fazemos o serviço para o cliente com um atendimento personalizado e consequentemente cobramos um valor próximo da linha de R$289,00.
Automações na contabilidade
A vantagem competitiva dessas empresas que colocaram um caminhão de dinheiro dentro dos seus negócios, desenvolveram plataforma própria, acaba se perdendo nesse ponto, isso porque hoje nós temos a automação.
As automações surgiram, empresas startups criam processos automatizados, outras empresas contábeis contrataram empresas de software house para fazer seus próprios processos automatizados.
Existem também empresas de software de gestão financeira como a ContaAzul, que criou processos automatizados também para facilitar.
Nós temos uma série de ferramentas disponíveis hoje com um baixo investimento, que faz com que uma empresa tenha um nível de automação que se não for igual ao das contabilidades online chega a um processo muito mais competitivo.
Qual é o limite da automação?
Caímos na mesma situação em que nós temos uma precificação em razão da personalização.
Eu tenho um processo automatizado dentro da Tactus Contabilidade, utilizando uma série de ferramentas que permite que tenhamos ganho de produtividade, mas onde entra o fator humano nisso tudo?
O fator humano entra no momento em que temos um limitador de empresas que podem ser atendidas em razão da necessidade de suporte.
Clientes contábeis precisam de suporte.
Base da contabilidade digital
O ganho está no quanto maior o número de empresas que um profissional consegue atender.
Aí entra o tripé da contabilidade digital dentro da minha metodologia que eu ensino para meus alunos: Processos, Pessoas e Tecnologia (sistemas e ferramentas).
Você pode ter sistemas e não ter pessoas alinhadas, ter processos mas não ter sistema, tem pessoas mas não tem processos e nem sistema.
Você só terá sucesso usando os três elementos e com tudo alinhado, mas para chegar nesse processo de alinhamento, não será da noite para o dia.
Empresas de contabilidade digital como a Tactus foram transformando seus negócios para chegarem ao nível de alinhamento desses três elementos, para conseguir ter um ganho significativo.
Hoje um profissional do meu time contábil, por exemplo, consegue atender cerca de 200 empresas do Simples Nacional dentro da sua carteira sozinho.
Como nós chegamos a isso? Com automações!
E por que 200 e não 1000? Porque eu tenho um limitador, é esse o fator que você precisa entender.
O preço do serviço contábil está alinhado com o limitador.
Não é factível um serviço custar tão pouco, porque sempre haverá o fator do suporte inerente a atividade, por mais simples que seja.
Na nossa operação utilizamos mais de 50 ferramentas na operação como um todo.
Existe uma série de coisas para facilitar o processo e ganhar escala, mas não podemos fazer isso sem as pessoas.
Nós temos um time de 70 pessoas para atender aos nossos clientes.
As empresas têm um limite onde esse processo de desmonetização pode chegar de fato.
Você precisa entender como vai equalizar a sua empresa em mercados altamente competitivos e como vai equalizar a sua relação de preço e o custo envolvido na execução do serviço.
Entendendo que dá para melhorar muito a questão de processos, para ter um barateamento do seu custo por empresa atendida e uma relação de retorno que faça sentido.
Quem estava cobrando R$49,00 ou R$89,00 por contabilidade consegue escalar, mas não dá dinheiro como achavam que daria.
E você tem o movimento dessas empresas fazendo uma série de parcerias com bancos oferecendo outros tipos de serviço para conseguir fazer sentido a questão das empresas fecharem com lucro.
Bancos
É comum surgir pensamentos do tipo: “Os bancos vão fazer a contabilidade?”
Todos nós temos relacionamento com banco e sabemos que o banco mal faz o atendimento do cliente, você acredita mesmo que ele vai fazer a contabilidade?
Qual vantagem o banco teria em atender ao microempresário, com todos os problemas que ele tem, ensinar ele fazer nota fiscal, fazer o lançamento contábil da empresa e etc.?
Isso não existe. O que podemos identificar são parcerias para créditos, por exemplo.
É preciso entender qual a relação adequada e não alarmar que vamos ter uma desmonetização ao ponto de sair gratuito o serviço contábil.
Cuidado com esse tipo de pensamento.
Governo
E por fim, temos a questão do governo.
“Mas, o governo pode em uma “canetada” destruir as empresas contábeis que atuam dentro desse mercado todo das pequenas empresas.”
Faz sentido mesmo acreditar nisso?
Se hoje mesmo com um contador próximo e alguém para cuidar dos negócios da empresa, muitas estão irregulares.
Sabendo o alto grau de complexidade que existe, mesmo numa empresa do Simples Nacional, num País burocrático onde eles falam sobre uma simplificação tributária visando aumentar impostos, dá para acreditar em uma simplificação que vai eliminar o serviço da contabilidade?
Podemos sim ter alguns aspectos que vão se tornar mais “simples”, pelo fato de existir muita redundância de informação.
Mas, de forma alguma eu acredito que tenhamos esse nível de simplificação no qual muitos estão acreditando.
É possível ter uma melhoria geral na parte tributária, mas não nesse nível.
O governo acabar com o serviço contábil seria um descrédito para ele, nossos clientes pagam as coisas, porque nós contadores enviamos e cobramos e mostramos o quanto é importante.
O cliente não está preparado para o autosserviço.
Todos os clientes que pegamos de empresas de contabilidade do tipo de R$89,00 vieram com algum tipo de problema ou pendência.
Essa é a realidade, a dificuldade natural que as pessoas têm em fazer as coisas.
Para isso existem os serviços profissionais e contratamos pessoas especializadas em cada área.
Precisamos entender qual a realidade que estamos vivendo, fazer uma leitura adequada do que está acontecendo à nossa volta, para inclusive pensar estrategicamente nos movimentos do nosso negócio contábil.
O futuro dos honorários contábeis
Na minha visão nós chegamos no limite do preço mínimo da contabilidade, não significa que vai subir a partir de então.
Provavelmente as empresas manterão o valor de R$89,00 e já é provado que empresas que atuam num valor mais alto conseguem ser mais competitivas, porque se posicionam num ticket mais baixo que a tradicional, mas tem a fatia de clientes que não está disposta a pagar tão pouco e querem ter mais entrega de resultados.
Você precisa pagar bem para ter as pessoas adequadas, inclusive para dar suporte ao cliente.
Você não pode colocar qualquer pessoa, sem qualificação, para dar suporte ao seu cliente.
Pessoas qualificadas custam caro.
O que hoje a gente investe em estrutura para o nosso profissional, para que ele se sinta bem dentro da nossa empresa, é muito significativo, isso atrai talentos, mas também custa dinheiro.
E tiramos isso do volume de empresas que atendemos e do faturamento gerado por elas. Porém se eu cobrar muito pouco pelos serviços, essa conta não fecha.
Cobrando pouco você tem um serviço que entrega mal e não é rentável, o que muitas dessas empresas estão aprendendo na prática.
O banco não quer entrar no ramo contábil, ele quer ser parceiro e ganhar dinheiro através dos produtos dele, o contador é um meio de negócios.
E o governo há 20 anos diz que vai simplificar e estamos na mesma. Podemos ter ajustes mas nunca o fim da burocratização.
Nossos clientes precisam muito dos nossos serviços.
Cuidado com esse discurso que a contabilidade vai sair de graça e seja realista em relação ao preço dos serviços contábeis.
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Acha mais vantajoso focar em empresas do lucro real? Uma carteira mais enxuta com o ticket maior e um cliente que presa por uma contabilidade mais consultiva do que automatizada.