Estive com Everton Rocha, diretor da Uphold Contabilidade, e falamos sobre contabilidade digital e nichos de mercado.
Acompanhe este conteúdo e com certeza terá insights muito interessantes sobre o tema.
Everton nos conheceu através do irmão dele – Anderson – que hoje é o seu sócio e me encontrou através de redes sociais.
Antes de ter um escritório, Everton era sócio minoritário de uma empresa, que tinha como especialidade a contabilidade de bancos e construtoras.
Não seria nem inteligente da parte dele concorrer com uma empresa já estabelecida, com mais de 50 funcionários, e ele já nasceu segmentado em razão disso.
Atualmente a empresa tem uma atuação forte no ramo de corretores de seguros, engenheiros e arquitetos com altos salários e planejadores financeiros pessoais.
De olho nas tendências de mercado
Com esse crescimento todo na área de educação financeira, Everton identificou que essa seria “uma profissão do futuro”.
Esse profissional não está muito inclinado em vender produtos, mas em ensinar as pessoas a tomar conta do dinheiro.
Everton dá uma aula dentro de uma escola de negócios que forma planejadores financeiros.
Naturalmente dentro de uma sala de aula há uma conversão de 2 ou 3, pelo simples fato de estar dando uma aula de empreendedorismo societária.
Possibilidade de ter uma empresa contábil nichada
Everton sempre teve muito medo da profissão ou do nicho que ele estava inserido acabar por alguma “força maior”, tinha medo de que a dependência dele criasse algum tipo de situação que o deixasse desconfortável.
Em razão disso, começaram a procurar outras segmentações de mercado.
Ele pensava no que faria se essa questão no corretor de seguros acabasse um dia, por exemplo.
Para tentar sair disso usou dos relacionamentos que já tinha em construtoras e resolveu optar por trabalhar buscando uma pejotização.
E por que entrar em pejotização e não em grandes empresas?
Simples! Porque ele não tinha estrutura na época para começar e precisava de contabilidade fácil, portanto a ideia sempre foi focar nos pequenos negócios.
A ideia é que mais cedo ou mais tarde – no ramo das construtoras – as pessoas começam a ter uma remuneração maior e não há motivo para serem registrados no CLT.
Na construção é um movimento natural que o profissional se transforme em “pejotinha”, que é o ramo que ele vem buscando.
Ele concorre diretamente com empresas de baixo custo na contabilidade e essa é uma dor que o mercado contábil tem, lidar especificamente com esse tipo de concorrência.
Como minimizar o efeito da sua concorrência no negócio?
As contabilidades econômicas vêm pegando pesado e conseguiram várias parcerias com seguradoras.
O que eles têm feito para se diferenciar?
Eles entendem que o cunho deles tem que ser cada vez mais educacional.
Quando o cliente vai para uma contabilidade econômica – na teoria – já conhece como funciona a contabilidade, pois só assim poderá fazer parte do trabalho sozinho.
Geralmente os empreendedores chegam na contabilidade sem conhecimento nenhum, não sabem minimamente quem tem que pagar uma guia imposto.
Por isso entendemos que o futuro é cada vez mais atuar como “professor” do que como contador.
Everton está criando uma plataforma para reunir conteúdos disponíveis, não só de contabilidade, mas de todas as áreas como marketing, processo de vendas, gestão de pessoas, finanças pessoais e corporativa.
Eles buscam várias parcerias com especialistas no ramo educacional e a plataforma já tem muitos vídeos.
Como educadores contábeis temos um grande desafio, que é tentar fazer com que as pessoas apliquem o marketing contábil, muita gente tem muito conhecimento mas não aplica.
Para ajudar esse público, eles criam micro conteúdos diários colocando-os dentro da plataforma dizendo como fazer em forma dinâmica, como um game.
Uma observação importante é que o profissional liberal é aquele que estuda a profissão, mas não entende nada de gestão.
Descobertas na segmentação
Sobre segmentação, como Everton vê hoje a descoberta de um de um nicho de mercado para seguir? Como foi esse processo para ele?
O mercado de corretagem de seguros foi um pouco “na sorte” porque entendeu que não queria fazer concorrência ao escritório de contabilidade anterior, mas ele não conseguia entrar em nenhuma das outras áreas a não ser a corretagem de seguros, que ele tinha uma pessoa que podia indicá-lo.
Para criar outras segmentações foi um pouco mais complicado.
Por exemplo, para tentar a área de planejador financeiro, apostaram nisso baseados em um estudo internacional que indicava que nos próximos 10 anos essa profissão iria crescer.
Porém na prática não existem nem 5.000 planejadores financeiros pessoais formados, é um mercado muito pequeno.
Dentre eles, 50% são funcionários de banco, o que restringe ainda mais o público.
Os que estão empreendendo ainda estão se encontrando nos modelos de negócios.
Não é possível encaixar uma recorrência muito alta pois poucas pessoas pagam de 300 a 500 reais por mês para um planejador financeiro, se o cara ainda nem tem um recurso tão alto.
Razões para fazer um planejamento pessoal
Quando você faz o planejamento pessoal ganha uma visão muito boa do dinheiro, sabemos que o brasileiro não sabe lidar com dinheiro.
Mas é uma coisa que você não precisa de apoio eternamente, vai aprender as práticas e depois consegue seguir sozinho.
Everton viu a possibilidade de lançar um tipo de instrução para as pessoas, mas não para competir no mercado digital.
Eles querem encaixar os conteúdos de formalização para essas pessoas que estão no mercado de educação profissionalizante.
O papel do empreendedor contábil
O mercado de contabilidade tem um pouco de dificuldade, e é um pouco travado em testar coisas novas para abrir portas e oportunidades.
A maioria dos contadores é apenas contador, não é empreendedor contábil!
Há uma diferença grande entre ser um executor e ser um empreendedor, pensar na empresa como um negócio já é uma dificuldade.
Quem está preso ao operacional não tem nem tempo de trabalhar questões estratégicas e os que já evoluíram disso acabou modelando você.
Fazer o marketing contábil não é fácil. Mesmo que aprenda é preciso estar preparado na operação para os clientes que vão entrar, caso contrário vai se perder.
Everton identificou que uma das carências dos corretores de seguros era parte de emissão de nota, hoje o escritório emite nota para os clientes.
É uma dor emitir 6 mil notas, por isso foram atrás de robotização.
Essa questão de emitir a nota fiscal não se tornou um diferencial de mercado?
Sim, mas ao mesmo tempo é um peso para eles, pois em corretagem de seguros um prazo muito reduzido para emissão dessas notas.
Hoje eles trabalham com um sistema desenvolvido por eles.
No começo utilizavam uma solução pronta, mas em dado momento já não atendia mais, então contrataram um analista para desenvolver um software específico.
Processo de robotização
Uma dor que o mercado contábil tem é no processo de robotização.
O que dizer para quem está no zero e não sabe por onde começar, mas precisa iniciar um processo de robotização para ganhar mais competitividade?
Existe muita coisa que é possível fazer com o próprio Excel ou contratar prestadores de serviço que não tem um custo elevado.
Às vezes as pessoas acham que fazer robotização é investir um dinheiro de outro mundo e não é!
Muitas coisas com o próprio Excel são possíveis de resolver.
Eles têm esse viés tecnológico muito forte e começaram a desenvolver robôs que fazem um serviço repetitivo da contabilidade.
Automação contábil faz com que você consiga usar o seu tempo para coisas mais importantes, que vão além dos processos básicos, como educar seu cliente e tirar dúvidas.
Resultados no marketing
Para o Everton o que traz mais resultado dentro do marketing dele?
Eles criaram uma trilha de conteúdo.
Uma trilha de 20 artigos – construídos com ajuda de uma jornalista – e esses textos incitam a pessoa a ir para o Blog, eles têm uma chamada de ação.
Nesses conteúdos ele não fala sobre contabilidade – tema considerado chato pela maioria dos empreendedores – abordam temas que interessam para o seu público.
É importante entender que gerar conteúdo para pessoas traz resultados a longo prazo, não é rápido, mas tem resultados.
Ele também percebeu que uma forma de reter clientes é estar sempre conversando com eles.
O cliente é carente e se sente abandonado, para suprir isso ele contratou uma pessoa específica para ligar para os clientes e pegar um feedback.
Será que as empresas que foram muito bem construídas – sob o ponto de vida de crescimento – podem ser vendidas e incorporadas (assim como nós fizemos com ACCE)?
Muitas empresas contábeis têm feito essa junção, se conectando com empresas menores.
É uma tendência no mercado contábil.
A sinergia é uma grande tendência dentro do mercado, se unir com pessoas que complementam suas habilidades.
Existe também uma questão maior que o propósito, nem tudo é sobre dinheiro. É preciso ter pessoas que estejam nessa jornada com o mesmo propósito.
Muitas vezes faltam para o empresário contábil essa visão de construir uma jornada.
E você está em busca do seu propósito?
Como está o seu negócio?
Já está construindo a sua jornada?
Faça como o Everton e vá atrás de conhecimento e esteja perto de pessoas que já chegaram onde você quer chegar.